domingo, 14 de abril de 2013

A ama-seca


O Romualdo, marido de D. Eufêmia, era um rapaz sério, lá isso era, e tão incapaz de cometer a mais leve infidelidade conjugal como de roubar o sino de São Francisco de Paula; mas - vejam como o diabo as arma! 

Um dia D. Eufêmia foi chamada, a toda a pressa, a Juiz de Fora, para ver o pai que estava gravemente enfermo, e como o Romualdo não podia naquela ocasião deixar a casa comercial de que era guarda-livros (estavam a dar balanço), resignou-se a ver partir a senhora acompanhada pelos três meninos, o Zeca, o Cazuza, o Bibi, e a ama-seca deste último, que era ainda de colo.

Foi a primeira vez que o Romualdo se separou da família. Custou-lhe muito, coitado, e mais lhe custou quando, ao cabo de uma semana, D. Eufêmia lhe escreveu, dizendo que o velho estava livre de perigo, mas a convalescença seria longa, e o seu dever de filha era ficar junto dele um mês pelo menos.

O Romualdo resignou-se. Que remédio!...

Durante os primeiros tempos saía do escritório e metia-se em casa, mas no fim de alguns dias entendeu que devia dar alguns passeios pelos arrabaldes, hoje este, amanhã aquele. Era um meio, como outro qualquer, de iludir a saudade.

Uma noite coube a vez ao Andaraí Grande. O Romualdo tomou o bonde do Leopoldo, e teve a fortuna ou a desgraça de se sentar ao lado da mulatinha mais dengosa e bonita que ainda tentou um marido, cuja mulher estivesse em Juiz de Fora.

Nessa noite fatal a virtude do Romualdo deu em pantanas: tencionando ele ir até o fim da linha, como fazia todas as noites, apeou-se na Rua Mariz e Barros, ali pelas alturas da Travessa de São Salvador. A mulata havia se apeado algumas braças antes.

E ele viu, à luz de um lampião, o vulto dela saltitante e esquivo, e apressou o passo para apanhá-la, o que conseguiu facilmente, porque, pelos modos, ela já contava com isso.

- Boa noite!

- Boa noite.

- Como se chama?

- Antonieta.

- Pode dar-me uma palavra?

- Por que não falou no bonde?

- Era impossível... estava tanta gente... e estes elétricos são tão iluminados.

- Mas o sinhô bolinou que não foi graça! vamos, diga: que deseja?

- Desejo saber onde mora.

- Não tenho casa minha; estou empregada numa família ali mais adiante, por sinal que não estou satisfeita, e ando procurando outra arrumação.

- Onde poderemos falar em particular?

- Não sei.

- Você sai amanhã à noite?

- Amanhã não, porque saí hoje, e não quero abusá.

- Então, depois de amanhã?

- Pois sim.

- Onde a espero?

- Onde o sinhô quisé.

- Na Praça Tiradentes, no ponto dos bondes. As oito horas.

- Na porta do armazém do Derby?

- Isso!

- Tá dito! Inté depois d'amanhã às oito hora.

- Não falte!

- Não farto não!

No dia seguinte, o Romualdo contou a sua aventura a um companheiro de escritório que era useiro e vezeiro nessas cavalarias... baixas, e o camarada levou a condescendência ao ponto de confiar-lhe a chave de um ninho que tinha preparado adrede para os contrabandos do amor.

Antonieta foi pontual; à hora marcada lá estava à porta do Derby, com ares de quem esperava o bonde.

O Romualdo aproximou-se, fez um sinal, afastou-se e ela seguiu-o...

Dez dias depois, estava ele arrependidíssimo da sua conquista fácil, e com remorsos de haver enganado D. Eufêmia, aquela santa! 

Procurava agora meios e modos de se ver livre da mulata, cuja prosódia era capaz de lançar água na fervura da mais violenta paixão.

Vendo que não podia evitá-la, tomou o Romualdo a deliberação de fugir-lhe, e uma noite deixou-a à porta do ninho, esperando debalde por ele. Lembrou-se, mas era tarde, que havia prometido dar-lhe um anel, justamente nessa noite.

- Diabo! pensou ele, Antonieta vai supor que lhe fugi por causa do anel!

Voltou, afinal, D. Eufêmia de Juiz de Fora. Veio no trem da manhã, inesperadamente, e já não encontrou o marido em casa.

Estava furiosa, porque a ama-seca de Bibi deixara-se ficar na estação da Barra. Podia ser que não fosse de propósito. O mais certo, porém, era o ter sido desencaminhada por um sujeito que vinha no trem a namorá-la desde Paraíbuna.

Quando D. Eufêmia contou isso ao marido, acrescentou indignada:

- Que homens sem-vergonha!... Não podem ver uma mulata!...

O Romualdo perturbou-se, mas disfarçou, perguntando:

- E agora? E preciso anunciar! Não podemos ficar sem ama-seca!

- Já mandei o Zeca pôr um anúncio no Jornal do Brasil.

No dia seguinte, o Romualdo saiu muito cedo; ao voltar para casa, a primeira coisa que perguntou à senhora foi:

- Então? Já temos ama-seca?. .

- Já; é uma mulatinha bem jeitosa, mas tem cara de sapeca. Chama-se Antonieta.

- Hem? Antonieta?

- Que tens, homem?

- Nada; não tenho nada... E jeitosa?... Tem cara de sapeca?... Manda-a embora! Não serve! Nem quero vê-la!...

- Ora essa! Por quê? Olha, ela aí vem.

Antonieta chegou, efetivamente, com o Bibi ao colo; mas o Romualdo tinha fechado os olhos, dizendo consigo:

- Que escândalo!... rebenta a bomba!... este diabo vai reclamar o anel!.

Mas como nada ouvisse, o mísero abriu os olhos e - oh! milagre! - era outra Antonieta!.

Ele pensou, os leitores também pensaram que fosse a mesma; não era.

Decididamente, há um Deus para os maridos que enganam as suas mulheres.

Artur de Azevedo

Agenda da Felicidade


O sorriso... é o cartão de visita das pessoas saudáveis.
Distribua-o gentilmente.

O diálogo... é a ponte que liga as duas margens, do eu à do tu.
Transmite-o bastante.

O amor... é a melhor música na partitura da vida.
Sem ele, você será um(a) eterno(a) desafinado(a).

A bondade... é a flor mais atraente do jardim de um coração bem cultivado.
Plante estas flores.

A alegria... é o perfume gratificante, fruto do dever cumprido.
Esbanje-o, o mundo precisa dele.

A paz da consciência... é o melhor travesseiro para o sono da
tranqüilidade. Viva em paz consigo mesmo.

A fé... é a bússola certa para os navios errantes, incertos,
buscando as praias da eternidade. Utilize-a sempre.

A esperança...é o vento bom enfunando as velas do nosso barco.
Chame-o para dentro do seu cotidiano.

Acreditamos que com essa agenda... a felicidade pode ser a
companheira e aliada para tocar o barco da vida.

Autor Desconhecido

Busco um amigo

Busco um amigo, 

Que me diga sempre a verdade, que não camufle meus defeitos, que não despreze minhas lágrimas!
Um amigo...cuja presença traga alegria, cujo silêncio transmita a paz, cuja escuta inspire confiança, cuja lembrança infunda coragem.

Um amigo...ao qual eu possa dizer: desculpa! Uma, duas, três vezes...

Um amigo...que não seja nem mestre, nem discípulo, mas  um companheiro, com o qual eu possa caminhar rumo ao infinito em qualquer momento.

Um amigo...que conserve a sua intimidade sem esconder o seu pranto.

Um amigo...que ao amanhecer não me diga "bom dia", mas me abra o seu coração   com um amável sorriso!     

Um amigo...que creia na amizade e a viva como uma audaz conquista de liberdade...cuja amizade seja óleo doce, suave e perfumado, extraído do fruto amargo de uma árvore espinhosa.

Um amigo...que não se preocupe em dar ou receber, mas que seja capaz de compartilhar.

Um amigo...simples, sincero, natural... capaz de chorar, mas sobretudo de sorrir...

Um amigo...que seja um reflexo da bondade de Deus.

Reinilson Câmara